Evento debate violência política de gênero na Câmara
O combate à violência política de gênero foi o tema central da noite desta sexta-feira, 14 de março. Em alusão ao Mês da Mulher, uma plenária aberta à comunidade foi realizada na Câmara Municipal de Guarapuava. O evento, organizado pelo mandato da vereadora Cris Wainer (PT), contou com a palestra da promotora de Justiça do Ministério Público do Paraná, Dra. Vilma Leiko Kato.
Também estiveram presentes a procuradora da Mulher do Poder Legislativo de Guarapuava, vereadora Profª Bia (PV), bem como suas colegas Rita Felchak (MDB) e Professora Terezinha (PT), além da ex-vereadora Bruna Spitzner. Secretárias municipais, filiadas a diversos partidos que concorreram a cargos eletivos no pleito de 2024 e líderes de movimentos sociais também participaram da plenária.
A realização do encontro marca o Dia Municipal de Combate à Violência Política Contra as Mulheres, instituído pela Lei 3.337/2022, de autoria da vereadora Cris Wainer. A data escolhida é simbólica, pois foi em 14 de março que ocorreu o assassinato da então vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e de seu assessor, Anderson Gomes. O caso tornou-se emblemático desse tipo de violência.
Ampliação do debate
Questionando se a política é um ambiente seguro para as mulheres, Cris Wainer abriu a noite de reflexões. Para a parlamentar, o principal objetivo do encontro é envolver a sociedade em discussões sobre o tema, que ainda gera muitas dúvidas.
“Que possamos debater esse tema em todas as instâncias e torná-lo conhecido por toda a sociedade, para que a violência não aconteça de forma alguma. E que não aconteça também no espaço político”, afirmou a vereadora.
Palestra
Os participantes da plenária acompanharam a palestra ministrada pela Dra. Vilma Leiko Kato. A apresentação abordou conceitos relacionados à violência política de gênero sob a perspectiva jurídica, listando diferentes normas que tratam do tema e os tipos de violência existentes.
Segundo a promotora, esse tipo de crime tem o objetivo de menosprezar a imagem política das parlamentares ou representantes do Executivo. “Temos que ter um olhar sensível e entender que essa conversa sobre violência política de gênero não deve ser restrita apenas a nós, mulheres, mas também deve envolver os homens. As mulheres não querem monopolizar os espaços de poder, mas compartilhá-los”, ponderou.
Luta histórica
Durante sua participação, a vereadora Professora Terezinha (PT) refletiu sobre aspectos de gênero na sociedade e na história, reforçando que a luta das mulheres é por igualdade na ocupação de espaços políticos. “Nos elegemos vereadoras para ocupar o lugar da mulher na política. Hoje, somos cerca de 18%, mas deveríamos ser 50%”, destacou.
Relembrando sua luta para conseguir se candidatar ainda na década de 1980, Rita Felchak enfatizou que a conquista de direitos políticos pelas mulheres foi uma batalha coletiva. “Para que estivéssemos aqui hoje, muitas mulheres lutaram. E eu não vou desistir. Hoje somos quatro [vereadoras], mas podemos ser muitas mais”, projetou.
A procuradora da Mulher, Profª Bia, enalteceu a iniciativa de instituir um dia oficial e um evento para discutir o tema. “Falar sobre violência política de gênero é urgente e representa um passo importante para garantir que a política seja, de fato, um espaço inclusivo, democrático e seguro para todos”, comentou a vereadora.