Guarapuava discute extração de gás do xisto

por Imprensa publicado 18/12/2015 08h50, última modificação 06/10/2024 18h09

Contaminação subterrânea, de lençóis freáticos e de extensas áreas agricultáveis, além de armazenamento de resíduos tóxicos a céu aberto e riscos à saúde da população. Todos esses riscos têm um nome: método de fraturamento hidráulico (fracking), um sistema de exploração de gás de xisto que a população ainda desconhece, mas que começa a tomar consciência depois da audiência pública, ocorrida no dia 11 de dezembro, na Câmara Municipal de Guarapuava, município que saiu na dianteira e está amparado por lei, mas quer reforçar a proibição dessa atividade e alertar outras cidades da região Centro-Sul.

Com o tema Fracking, nossa segurança hídrica, agrícola e ambiental em risco”, o evento proposto pelo vereador Germano Toledo Alves e a ONG 350.org Brasil, reuniu diversos autoridades e representantes de entidades ligadas ao assunto. O vereador é o autor da Lei Municipal 2463/2015 que proíbe o uso desse método de extração em Guarapuava, além de presidente da Comissão de Agricultura e Defesa do Meio Ambiente da Câmara Municipal de Guarapuava.

Participaram da audiência os palestrantes Nicole Figueiredo de Oliveira da 350.org Brasil,  e Juliano Bueno de Araújo da Coalizão Não Fracking Brasil (Coesus), a Deputada Cristina Silvestri representando a Comissão de Meio Ambiente da Câmara de Deputados, Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura (Semagri), Cooperativa Agrária Agroindustrial, Sindicato Rural de Guarapuava e estudantes.

Para Germano Toledo Alves, a audiência foi bastante produtiva. O objetivo foi iniciar a mobilização da região. “Guarapuava está protegida por força da lei, porém, é necessário um acordo com munícipios vizinhos que não possuem legislação, devido ao alto índice de toxidade e abrangência de territórios afetados”, explica o vereador.  Caso as cidades vizinhas não adotem proibições do trânsito de caminhões em nossas rodovias com produtos químicos, areia e o uso de água para o fracking, Guarapuava também seria afetada assim como Cantagalo, Goioxim, Candói, entre outras, que fazem parte de uma lista de mais de 100 cidades na lista da extração do gás por meios não convencionais.

Entenda o fracking

O “fracking” é um sistema de exploração de gás de xisto armazenado nas rochas do subsolo, que em nossa região fica muito abaixo do lençol freático. Em alguns lugares chega a mais de um quilômetro de profundidade. Para que esse gás seja liberado, o solo é perfurado, e através de tubulações são injetados de 7 a 15 milhões de litros de água e mais de 600 tipos de produtos químicos, alguns extremamente nocivos ao meio ambiente e outros até cancerígenos.

Essa grande quantidade de água com areia é lançada em alta pressão para explosão das rochas, os produtos químicos são bombeados para dentro das camadas porosas a fim de mantê-las abertas para a passagem do gás antes preso entre as rochas, provocando fraturas, por isso o nome “fracking”, (fractures em inglês).